Rocinha 1930. Um período em que o “ator” principal era o trabalho, pois os imigrantes italianos estavam “construindo” um distrito. Mas apareceram mais dois atores que acabaram ganhando a cena: o futebol do Rocinhense e o Cine Regina. O primeiro continua encantando até hoje. O segundo ficou na memória.
Quando fazemos uma obra de pesquisa histórica e que conta uma vida centenária de uma entidade como o Rocinhense é assim, resgatamos documentos raros, valiosos e curiosos. Reparem nos cartazes da página 21 do livro, que serviam para fazer a divulgação de duas das poucas diversões da época, que eram as sessões do cinema da Praça e os jogos do Rocinhense aos Domingos. No cartaz do jogo do Rocinhense contra o Ipiranga de Salto, algumas curiosidades: o cartaz continha as escalações dos dois quadros e o nome do árbitro, com a seguinte informação: “Servirá de juiz o esportista Snr. João Monari”. Seria um “árbitro caseiro”? (risos)
No final do cartaz, os dizeres: “Senhoras e senhoritas entrada franca”, outra informação e muito curiosa, na ultima linha do cartaz: “A directoria reserva o direito de vedar a entrada a quem julgar conveniente”. Hoje, ano de 2009, temos o blog, site e twiter do Rocinhense para divulgação de nossos jogos e eventos. Daqui a 100 anos como será a comunicação? Sinais do tempo.
Sandro Saltori
Claro, além dos italianos, havia outros imigrantes, em menor quantidade: alemães, suíços, portugueses, espanhóis e japoneses. Mas é bom lembrar que a grande imigração italiana de Vinhedo começou em 1887 e a 'Societá Italiana di Mutuo Soccorso Regina Margherita' foi fundada em 25 de junho de 1902, praticamente a instituição mais antiga da cidade ainda em atividade, antes mesmo de nos tornarmos Distrito de Rocinha (que aconteceu em 1908) e do próprio nascimento do clube Rocinhense (em 1909). Sim, naqueles tempos o lazer se resumia ao futebol e a um precário cinema mudo, com telas em que precisava se jogar água para esfriar, senão pegava fogo. E uns músicos tocavam ao lado das imagens projetadas. O Cine Regina foi inaugurado em 1930. O Cine Bandeirantes, do Aurélio Niero, veio muitos anos depois. Antes do cinema, o passeio na Praça de Sant’Ana. Há muito tempo acabaram-se os passeios e o cinema. Um verdadeiro “The End”.
José Antonio Zechin
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